abril 28, 2008

Ronaldo Fenômeno

Envolvido numa história com três travestis.

Explicado por que ele tem tantos problemas nos joelhos.

(De um amigo meu que prefere permanecer anônimo)

abril 23, 2008

Lost


Enviado por Heitor Pitombo

Assim Caminha a Humanidade

MOSCOU, 22 ABR (ANSA) - O jornal russo "Moskovski Korrespondent", quepublicou na última semana a notícia da separação entre o presidenteVladimir Putin e sua esposa, desmentiu o caso afirmando que o"affaire" entre Putin e sua suposta amante, a jovem ginasta AlinaKabaeva, foi inventado para cobrir um espaço vazio na página depolítica quando a equipe de redação estava bêbada."Tínhamos um buraco que não podíamos encher com os personagens desempre do show business, e, já mais à noite, cansados e estressados,acabamos bebendo demais. Não saberia dizer quem teve a idéia", disseao tablóide Izvestia o jornalista Lev Rishkov, um dos redatores danotícia, que também publicou na internet uma longa confissão, motivadaprovavelmente por pressão dos dirigentes do jornal e do própriogabinete presidencial.
(pescado no blogue da Ana Sílvia).

abril 22, 2008

Olhos nos Olhos


Jardim Zoológico Feriado de Tiradentes 2008

Amigos no Churrasco do Sílvio

Parte 2 - E foi até a meia-noite...

O cineasta e editor Zé José.

Sílvio Rabaça, o dono da festa.

Bello...


Ivan.
Sílvio novamente.

Eu e Amigos no Churrasco do Sílvio


Parte I - Ainda era dia...

Eu estava morto de fome (Foto de Livia Rosa)


Marquinhos, Roger Filósofo e Glauber


O cineasta e editor Zé José e o músico Heitor.


Glauber e Priscila (Foto de Livia Rosa)

Bello, Roger e Glauber (Foto de Livia Rosa)

Há Realmente Algo de Errado na Nossa Política Indigenista

Eye of the Tiger


Zoológico no Feriado de Tiradentes 2008

Braque na Praia de Botafogo

Cubismo Ensolarado



abril 21, 2008

Os Melhores Momentos do Urublog

Promoção

Foto enviada por Marcos Tardin

Grandes Poemas

A minha pobre tradução para o português está abaixo da anglófona.

Days
Ralph Waldo Emerson

Daughters of Time, the hypocritic Days,
Muffled and dumb like barefoot dervishes,
And marching single in an endless file,
Bring diadems and fagots in their hands.
To each they offer gifts after his will,
Bread, kingdoms, stars, and sky that holds them all.
I, in my pleached garden, watched the pomp,
Forgot my morning wishes, hastily
Took a few herbs and apples, and the Day
Turned and departed silent. I, too late,
Under her solemn fillet saw the scorn.

Pré-nota: Traduzi "dias" como "horas" apenas para manter o gênero feminino.

As hipócritas Horas, filhas do Tempo
Abafadas e atoleimadas como dervixes descalços
Marcham em uma interminável fila única
Trazendo diademas e regalos nas mãos
A cada um oferecem presentes à vontade,
Pão, reinos, estrelas e o céu que nos protege
Eu, em meu jardim curvo, apressadamente
Colhi algumas ervas e maçãs e a Hora
Virou-se e partiu silenciosa.
Tarde demais percebi,
Sob seu solene perfil,
O desprezo

Bahia 2007





McDonald's, centro da cidade, Miguel Couto com Rio Branco, outubro de 2007

Sinopse para a Fábrica de Dramaturgia - 1997

Renato era cinegrafista, numa emissora de tevê. Roubando fitas usadas de U-MATIC e material obsoleto, pretendia abrir sua própria produtora. Mas seu chefe o despediu para contratar outro câmera por quem estava apaixonado. Sem perspectivas no ramo, lembra-se da batida que viu certa vez no morro onde comprava drogas e resolve filmar uma dessas ações policiais, para pôr seu nome em evidência. A fita, no entanto, alcança repercussão muito maior do que esperava e, em vez de encontrar trabalho, acaba se tornando um fugitivo, traído por seus amigos e perseguido pela polícia. Assim explica ele na abertura da peça a Marcelo, um morador da favela onde está refugiado, o que faz ali, aos cuidados de Tomé, um traficante em ascensão maquele morro emergente.

Entra Tomé. Os outros traficantes, explica ele, não esconderiam Renato porque mexer com a polícia não lhes interessa. Os policiais sempre sabem o que está acontecendo. Aonde. Como. Mas estão tão sob controle dos criminosos quanto os criminosos sob o deles, nenhum dos lados desejando romper as fronteiras delimitadas de custo/benefício. Somente Tomé, que busca prestígio, aceita abrigar Renato e até mesmo fornecer-lhe os meios para se estabelecer em outro estado e abrir sua produtora. Desde que Renato faça um vídeo sobre Tomé e sua boca de fumo. Renato aceita a proposta e a ação pode começar.

Vai sendo montada uma ilha de edição improvisada na casa onde Renato se esconde. A gravação revela a cabotinice do traficante ao propagandear sua boca de fumo e suas canhestras tentativas de fazê-la parecer apenas um negócio: papelotes com logotipos grosseiros, ofertas especiais e até um computador para registrar transações. Clientes depõem para o vídeo - de costas, é claro. Entre eles, Vera, ex-namorada de Renato, que passa a visitá-lo, algo atraída e excitada pela situação em que o câmera se encontra.

Tomé recebe Pereira, um policial corrupto sob suas ordens. Reconhecendo Renato, ele passa a frequentar a boca de fumo e o câmera pode ouvir suas conversas com o traficante, tentando convencê-lo do erro que é dar guarida ao câmera e como isso vai arruiná-lo.

As gravações prosseguem, irritando-se Renato com a tentativa de Tomé de encenar no vídeo a história de amor entre ele e Rose, que deseja ser atriz. O irmão dela é Marcelo, que opera o computador da boca de fumo e toma lições com Renato sobre edição. Ele explica ao câmera que sabe que o reino de Tomé é temporário, que o traficante não tem real idéia daquilo com que está lidando. Dois dos erros dele, o computador e a filmagem, foram na verdade sugestão de Marcelo, que sabe que assim diminui as chances do pretenso cunhado, mas aumenta as dele, ao aprender outros ofícios. Acabam-se os trabalhos da noite e Marcelo sai. Renato recebe então a visita de Pereira. O policial quer convencê-lo a se entregar. O fato dele estar vivo desequilibra toda a balança de poder estabelecido. Arrisca os ganhos e a vida de Pereira. Uma completa aberração. No auge da fúria, entra Vera. O policial vai embora, aconselhando dubiamente Renato a ficar alerta. O casal faz amor ao som de balas da boca de fumo festejando uma vitória do Flamengo.

Eles são acordados no meio da noite por um dos moradores da favela. Sabendo que Renato trabalhou na televisão, ele quer que o rapaz o acompanhe a um hospital próximo, onde o filho dele que sofreu um acidente ainda não foi atendido. O homem acha que uma câmera pode intimidar os funcionários. Renato e Vera discutem se é seguro para ele ir ou não, mas chega Marcelo e avisa que o garoto morreu. Marcelo vinha buscar o equipamento para ele mesmo fingir que era jornalista e leva o homem embora. Pouco depois chega Tomé, revoltado. Inteirado do que ocorreu, vai liderar a favela num apedrejamento ao pronto-socorro e quer que Renato filme. Vera fica sozinha e Marcelo volta para levar o equipamento de edição. Ele sabe que este é o fim do ciclo de Tomé. O pronto-socorro era uma importante obra política. A história que será espalhada é que o rapaz que morreu era traficante e por isso o apedrejamento. A polícia será acionada e desta vez não irá respeitar acordos e subornos. Ele vai, levando seu tesouro e avisando Vera para salvar sua pele e não esperar pelo seu amado. Ela vai embora também.

Voltam Tomé e Renato. Tomé está eufórico com a destruição e sentindo-se um glorioso salvador, enquanto Renato está trêmulo e assustado com as sirenes que ouve. O traficante é avisado pelo celular que a polícia está subindo. Renato tenta fugir, mas Tomé o obriga a ficar e filmar o tiroteio - o clímax do vídeo que estão fazendo. Começa a troca de tiros e Tomé vai se tornando cada vez mais enlouquecido. Pereira, que se encontrava no morro quando começou a batida, entra na casa, disposto a matar o câmera, que ele culpa pelo desatino de seu empregador. Tomé o impede e os dois lutam. Renato se apossa da arma. Tomé pede a ele que atire no policial. O tiroteio continua lá fora. Renato dispara e mata Tomé, seu protetor. Pereira, livre, tenta atacá-lo. Renato diz a ele que o policial só sairá vivo se lhe abrir caminho para sair dali. A polícia entra na casa. Pereira diz que Renato o salvou e estava lá continuando sua série de reportagens. Ele agora tem uma fita da heróica ação policial que libertou o morro do criminoso que os forçou a destruir seu pronto-socorro recém-reformado. Os policiais saem, deixando o corpo de Tomé aos cuidados de seu colega Pereira. Chegam Rose e Marcelo. Rose chora a morte de seu amado. Entra Vera. Enquanto Pereira e Marcelo conversam reservadamente num canto, com o primeiro pedindo o auxílio do segundo para assumir a boca de fumo sem dono, Rose cobra Renato pelo que fez e vai embora, levando o irmão, que no entanto parece ter aceito a proposta do policial. Vera pergunta reservadamente a seu namorado porque afinal tinha matado Tomé e ele confessa que na verdade não sabe atirar e não tinha um alvo definido. "Eu arrumaria uma saída, Vera, fosse quem fosse que caísse. Mas se eu não matasse ninguém, eu estaria perdido".

abril 19, 2008

Zulu Surf

Arpoador anos 50

Mobilidade (Primeiro rascunho)

Os filhos pequenos ouvem
Seus pais
(que ganharam peso ultimamente
mas estão pensando em fazer academia
e comer mais salada)
Contando aos amigos como não mais saem à noite
Por falta de estacionamento
Por causa do trânsito
E da violência e das balas perdidas
E sentem saudade de seus tempos
quando podiam andar livremente uma casa por vez
E como um capturou -
uma história tão linda -
o outro em diagonal

E enquanto isso um ou outro ouve
Escondido
Fascinado
Um senhor muito gordo de meia-idade
Muito gordo por ter as tripas fodidas
em álcool e noitadas
contando como o dia ainda não havia se separado
da noite

E o espírito de Deus caminhava livremente sobre as águas

Arquitetura no Saara


Esquete para Dr. Porão e os N. Franks

locutor
O Canal DPTV Documentários apresenta As Origens do Homem politicamente corretas! Uma tentativa de juntar Darwin e a Bíblia.

entra um macaco, bamboleante e fazendo hu hu hu ha ha ha. Então ele fala.

macaco 1
Hu hu hu ha ha ha Faça-se a Luz Ha ha ha ha!

entra um segundo macaco

macaco 2
Ha ha ha E agora que criou o mundo, o que o Senhor vai fazer Hu hu hu?

macaco 1
Hu hu hu Vou criar o homem à minha imagem e semelhança Ha ha ha!

entra um terceiro macaco

macaco 3
Hu hu hu, Eu, Lúcifer, o mais belo dos macacos, me oponho a isso! Ha Ha Ha

macaco 2
Hu Hu Hu Pois eu, Gabriel, não vou deixar que isso aconteça Ha ha ha!

o macaco 2 e o macaco 3 saem brigando ridiculamente.

locutor
Breve... no DPTV Documentários!

abril 18, 2008

A maldição dos homens é o esquecimento, deixar que o tempo leve consigo seus melhores e mais grandiosos momentos, seus mais ternos e queridos instantes. Por que então em ti este sopro de eterno, meu amor, que não consegues me esquecer?

(Da minha peça TRISTÃO E ISOLDA)

abril 17, 2008

Oração

Perdoe-me, Pai, pois eu cometi atos... questionáveis... muito amor prometi a mulheres apenas para tê-las a meu lado. Muitas levei a mostras de filmes... de livros... restaurantes caros e lojas caras e as afoguei num mar de citações, pois esqueci que mesmo sabendo a língua dos Anjos, sem amor eu nada seria. Mesmo em presença delas, desejei outras e na realidade nenhuma desejava, pois da minha vida em meio à jornada, achei-me em selva tenebrosa, tendo perdido a verdadeira estrada. Escolhi os líderes errados e segui Verdades tão confusas quanto eu. Odiei os que me queriam bem por serem felizes e não me fazerem feliz e chamei de invejosos àqueles que não se curvaram aos meus caprichos. Fomentei o desprezo por todos os atos de piedade e compreensão para que eu não tivesse que me apiedar ou compreender os outros. Eu pequei, Pai, reneguei tudo em que acreditava - por dinheiro, poder e sexo, eu menti, enganei e trapaceei - e, em minha mesquinhez chamei meus pecados de maturidade... e êxito. Perdoa, Pai, este teu filho tão cruel, egoísta e covarde que nem mesmo perder-se conseguiu. Perdoa-me por, com tudo que me deste, não Te agradar nem desagradar. Perdoa-me por aceitar que outros se penitenciassem por mim. Que outras o fizessem... Perdoa-me por nunca ter-lhes dito o quanto as amava... o quanto...

(da minha peça A DÉCADA PERDIDA)

Por Quem os Sinos Dobram

Como hoje é o dia dos poemas manjados, vai aí a obra magna de John Donne, que ficou famosa pelo filme com Gary Cooper e Ingrid Bergman sobre a Guerra Civil Espanhola. Antes disso foi um livro do Hemingway, mas desconfio que o pessoal lembre mais por causa da fita. O original em inglês está abaixo da tradução.

Nenhum homem é uma ilha
completo em si mesmo
mas parte de um continente maior
parte da terra

se um torrão é arrastado para o mar
a Europa fica diminuída
e assim também se fosse um promontório
a casa dos teus amigos ou a tua própria

a morte de qualquer homem me diminui
porque sou parte da raça humana
Por isso não perguntes
por quem os sinos dobram
eles dobram por ti


No man is an island,
Entire of itself.
Each is a piece of the continent,
A part of the main.
If a clod be washed away by the sea,
Europe is the less.
As well as if a promontory were.
As well as if a manner of thine own
Or of thine friend's were.
Each man's death diminishes me,
For I am involved in mankind.
Therefore, send not to know
For whom the bell tolls,
It tolls for thee.

Feito Gente

de Walter Franco. Esta música abre o disco Revolver, que eu pus na minha lista dos melhores discos de rock brasileiro de todos os tempos.

Feito gente, feito fase, eu te amei como pude
fui inteiro, fui metade, eu te amei como pude
Fui a faca e a ferida, eu te amei como pude
feito bicho que se espanta, eu te amei como pude
quando chega a morte à vida

Feito lixo que se queima, eu te amei como pude
feito chama quando arde, eu te amei como pude

Fui capacho, já fui lama, eu te amei como pude
fui herói, fui covarde, eu te amei como pude
Feito a noite, cedo ou tarde, eu te amei como pude
dói no corpo e mói a alma

Feito água, feito vinho, eu te amei como pude
feito mágoa, feito espinho, eu te amei como pude

Fui o poço, pensamento, eu te amei como pude
fui a calma e a revolta, eu te amei como pude
Fui a vela, fui o vento, eu te amei como pude
a partida, fui a volta

Eu te amei como pude,
Eu te amei como pude...

Os Mais Belos Poemas de Amor

Funeral Blues

Este poema ficou famoso por ser declamado na cena de enterro de "Quatro Casamentos e um Funeral" e todo mundo já o ouviu, mas vale a pena lê-lo de novo. O autor é W. H. Auden. A pobre tradução é minha mesma; abaixo dela, o original.

Parem todos os relógios, desliguem os telefones
Dêem um suculento osso ao cão para ele não latir
Silenciem os pianos e, com os tambores abafados,
Tragam o caixão, deixem as carpideiras entrar

Ponham aeroplanos a voar zumbindo no céu
Escrevendo Ele Está Morto
Ponham fitas de crepe no pescoço dos pombos de rua
E façam os policiais usar luvas de algodão branco

Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste
Minha semana de trabalho, minha folga de domingo
Meu dia, minha noite, minha voz, minha canção
Eu pensava que o amor duraria para sempre; eu estava errado

As estrelas são indesejadas agora; apaguem todas
Empacotem a Lua e desmontem o Sol
Esvaziem os oceans e varram as florestas
Pois nada mais agora pode trazer algum bem


Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.

abril 15, 2008

Poço Azul

No Reveillon de 2007/2008Suzy dá a escala humana na foto acima




Branca porque clara, ainda bem mais clara do que sua mãe mulata já clara, mas ela herdou os olhos e a pele clara do pai, ex-pára-quedista de Student que também a ensinou a montar e atirar e a falar alemão e ler Goethe e Rilke e todos aqueles tantos outros livros que ele abandonou em casa junto com a mulata clara quando se enfastiou e partiu em busca de aventura, o que vinha fazendo desde que se alistara no exército nazista e que lhe custara dois dedos, alguns ossos e órgãos arruinados e o desamor de várias mulheres e filhas abandonadas, mas não Branca, Branca que entendia o amor pela aventura do pai, o amor do pai e a aventura do pai, ou não seria ela a Branca, sequer existiria, não fosse a enorme vontade de viver do pai, que além disso lhe deixara a casa e os livros, a mãe ainda jovem casara de novo e se mudara para uma cidade de verdade, cansada daquele clima turístico de Monções e vendera seus cavalos, mas deixara o de Branca, assim como as armas que tinha em casa e dinheiro para montar seu próprio negócio, Branca que vira já um pouco do mundo e voltara, mas ainda não, ainda não chegara ainda a hora de se ir de vez, para se perder como o pai, ainda não, ainda queria aprender a tocar os negócios, ainda queria aprender a se virar e a se virar bem, ainda apreciava sentir-se parte daquela terra, parte respeitada daquela terra, aquela garota bonita, linda mesmo, que todo mundo desejava, todo mundo queria bem e todo mundo respeitava e ela gostava, ela gostava daquela terra, principalmente quando o festival ia chegando, os turistas todos e o dinheiro e as pessoas, as pessoas todas que apareciam de todos os lugares, talvez fosse o último, o último festival dela antes de ganhar o mundo.
Ela desmontou do cavalo e a casa de pobre alvenaria parecia vazia, o chão de cimento sem fazer nenhum barulho.

- Sandra?

Mas o único barulho, além do rio, é claro, o rio inundando de ubiquidade a cidade e os pássaros, mas esses não, esses eram os barulhos da cidade e não os da casa, os que interessavam eram o da casa, o único barulho em todo o pequeno terreno cercado foram os cascos de Mefisto na terra batida. Branca achou melhor amarrá-lo na cerca antes de olhar a casa clara, muito clara na enxurrada do sol da manhã abafado com a umidade de mato de mata atlântica.

Mas a casa não estava fechada. As janelas de um dos quartos estavam abertas.

Branca mordeu o lábio irritada e deu a volta e bateu na madeira da janela fechada do outro lado.

- Sandra?

- Dona Branca, vai embora, ele tá maluco! Ele tá maluco!

Sandra falou alto demais e alguém de dentro da casa somou o diálogo e os cascos que haviam parado ali perto.

- QUEM É QUE TÁ AÍ? COM QUEM É QUE VOCÊ TÁ FALANDO?

- NINGUÉM, GERALDO, NINGUÉM!

Branca correu até a sela e puxou a carabina, o mosquetão era muito chamativo para ela andar com ele pela cidade, destravou e armou na hora em que a porta abriu e Geraldo apareceu com o facão.

- Larga o facão, Geraldo.

- Eu não vou largar porra nenhuma, piranha!

Branca deu o tiro de advertência no chão no lado dele. Ele parou um instante, os olhos vermelhos, a roupa amarrotada, cheirando a bebida ainda àquela distância, o Flamengo tinha sido goleado na véspera, ele devia ter bebido desde o terceiro gol do São Paulo e não tinha parado, ele morava a centenas de quilômetros do Rio de Janeiro e nunca tinha ido ao Maracanã, vira dois ou três jogos do Flamengo em toda a vida quando ele jogou amistosos ou torneios promocionais em cidades das cercanias e ainda assim enchia a mulher de porrada cada vez que o time era humilhado.

E foi menos de um segundo, ele olhou para o chão, a bala que passou perto dele, Branca viu os olhos, viu o álcool empurrar o orgulho dele pra boca da carabina, de peito aberto e facão, ela ia hesitar, todo mundo hesita, o pai tinha dito, todo mundo hesita quando vai matar alguém, ia dar tanto, tanto muito trabalho, ela viu que ele ia avançar e quando ele botou o pé direito na frente, ele era destro, era o pé que ia dar o impulso pro maior salto que ele pudesse dar, ela apertou o gatilho e conseguiu.

Valeu todo aquele tempo gasto com a espingarda de chumbinho, quando garota porque era a única arma que ela aguentava segurar e quando mulher porque era a única arma cuja munição o orçamento dela aguentava, valeram aquelas brincadeiras todas, às vezes também com a pistola e, quando a grana sobrava, com o fuzil e a carabina.

Aquelas brincadeiras de acertar em cigarro e tampinha de refrigerante.

A mão dele estava sangrando e o facão estava no chão e a dor e a surpresa da perfeição da mira da garota tinham apagado algum álcool já o suficiente para ele pensar duas vezes em avançar desarmado para a boca de uma Winchester.

O coração de Branca batia rápido, o plano B era acertar o joelho dele, a perna dele e o plano C era atirar à queima-roupa se ela fosse rápida o bastante para rearmar a alavanca. Não ia precisar de nada disso. Esperou até um tempo dramático antes de puxar a alavanca, expulsar a cápsula e botar outro cartucho na agulha.

- É melhor ir ver essa mão.

O sangue corria bem, mas nada parecia estraçalhado ou definitivo.

- Piranha! Vocês são todas umas piranhas!

Outros cascos já batiam cada vez mais perto, apressados. Peões.

- Mas o que é que tá acontecendo aqui, dona Branca que uma moça tão bonita tem que segurar uma espingarda tão grande?

- O Geraldo tava batendo na Sandra de novo, Davi.

Davi desceu segurando o 38, a única concessão foi abaixar o cão, e Branca abaixou a carabina. O outro peão permaneceu na sela segurando a garrucha.

- Seu Geraldo, mas que vergonha, não sabe que em mulher não se bate nem com uma flor?

- A piranha daquela vagabunda tava cheia de gracinha pro Estéfano! E eu ainda levo tiro por causa daquela piraaaaaaaaanha! Piranhuda! Eu vou te matar!

- Estéfano é palmeirense e o Palmeiras ganhou ontem - a Branca esclareceu baixinho na passagem do Davi.

- É melhor a gente ir pro hospital ver essa mão, seu Geraldo...

- Não vou pra porra de lugar nenhum.

- A gente não vai ter que chamar a polícia, né, seu Geraldo..?

Branca deixou os três homens conversando mas não se sentiu segura o suficiente pra guardar a carabina na sela de novo, só acalmou Mefisto assustado com os tiros e entrou ainda carregando a arma. O quarto ainda estava trancado. Ela encostou na parede, suspirou finalmente de alívio e passou a mão pelo rosto e pelos cabelos negros e rebeldes. A mulher linda, bonita, inteligente e esperta salvara o dia mais uma vez.

- Já acabou, Sandra, pode sair.

A porta abriu para um pouco de nariz, boca e olhos de Sandra.

- Tá tudo bem, dona Branca?

- Tá.

A voz saiu baixinha involuntariamente e as pernas tremeram.

- Cadê ele?

- Tá lá fora.

- A senhora matou ele?

- Não, eu não matei ninguém. Mas ele tá sangrando.

- Ai minha Nossa Senhora!

Sandra passou correndo pela Branca, cansada demais para ficar irritada, relaxando depois de tudo.

Ela sentou e travou a arma.

Sandra voltou e pegou a bolsa na sala.

- Aonde você vai?

- Vão levar o Geraldo pro hospital, eu tenho que ir com ele.

Branca nem tentou discutir, só perguntou sobre o negócio, era o negócio que tinha trazido ela lá.

- Você preparou meus doces, Sandra?

- Eu fiz uma fornada, dona Branca, tão lá na casa da minha mãe, fui lá pra ela me ajudar...

E para ver Estéfano, que era vascaíno, e o Flamengo perdera de quatro e Geraldo já chegara com más intenções em casa e não achando a mulher foi até a casa da mãe e a cada passo o replay de um gol e de um drible humilhante.

- Eu precisava de três fornadas.

- Desculpa, dona Branca, mas a senhora tá vendo o que tá acontecendo.

Sandra foi embora. Todo mundo foi embora. Branca relaxou mais um pouco, levantou, fechou as janelas e a porta, mergulhou no sol de trópico do terreno capinado cercado de mata atlântica impressionista e abafada e suou enquanto montava de novo.

Até a casa da mãe da Sandra levou o dobro de batidas de coração que levava normalmente, mas já estava normalizando quando ela viu o muro incompleto de tijolos aparentes.

Grandes Frases de Amigos - Reprise

"É fazendo merda que se aduba a vida" (Ana Sílvia)

Jam Session

Outro dia escrevi uma postagem sobre uma partícula temporal e descobri que existe mesmo uma teoria vagamente parecida! A gente começa a pensar e recria o Universo.

Já li por aí que outra coisa que encafifa os cientistas é que as forças que organizam o Universo só funcionam dentro de certos parâmatros muito estreitos. Se a gravidade fosse um pouco mais forte ou fraca, ou se o eletromagnetismo fosse um tantinhoo mais ou menos potente, as partículas elementares desabariam sobre si mesmas e nem átomos existiriam. Como tudo começou com o Big Bang, é um pensamento anti-Copernicano e anti-científico que justamente logo de cara deu tudo certo.

Como estou tendo uma viagem (obviamente pseudo-)científica, vamos deixar Deus de fora e imaginar que, na verdade, existem muito mais milhares de forças atuantes no Universo e só conhecemos as quatro que conhecemos porque temos pouca disponibilidade de mentes Newtonianas e Einsteinianas na humanidade. Vai ver, existem muitas outras que se regulam entre si. Ou então muitas outras que estão além da faixa em que funcionavam e por isso mesmo acabam não colaborando pro funcionamento do conjunto de tudo que existe e assim, nem as percebemos.

Aliás, falando das mentes einsteinianas e newtonianas, este morreu virgem, como Kant, e aquele era um sujeito pouco dado a interações sociais. Temos a tendência a pensar que eles estão envoltos em pensamentos tão profundos que não conseguem prestar atenção ao nosso dia-a-dia comezinho, mas essa linha de raciocínio é em si mesma anti-científica. Trai uma concordância tática com a idéia de que um reino abstrato de conceitos puros é superior a uma realidade física. Parece um mundo das idéias platônico, o reino de Deus, o Nirvana ou, pior ainda... a matemática!

A maioria dos gênios - incluindo o primo de uma menina que namorei e que aos vinte anos era pago pra ficar em casa fazendo equação - não é dada a interações sociais. Pessoas são entropizadas demais. Têm opções demais. Têm poucas constantes. Na verdade, relacionamentos são muito mais complicados do que planetas - se tudo que a Ana Paula Arósio fizesse na vida fosse ficar andando em volta do Jô Soares numa curva perfeita, por exemplo, provavelmente seria bem mais fácil de comê-la. Mas não, você não pode fazer um gráfico apontando o dia em que a banha do Jô atingirá massa crítica e cederá sob a própria gravidade criando um buraco negro (opa! Ele já não tem um????). O bater das asas de uma borboleta em Beijing pode afetar a maneira com que um policial secreto comunista reprime uma manifestação na praça da Paz Celestial. E quando você puxar papo com a Ana Paula Arósio será bom lembrar que o noivo dela se suicidou na frente dela quando ela tinha uns 20 anos, que ela tentou o suicídio numa crise depressiva, dizendo que seu grande salário não a deixava feliz, enfim, essas coisas.

É a falta de tato desses cientistas com poucos amigos que às vezes o levam a alienar a humanidade média. Por exemplo, qual a vantagem em provar de vez que Deus não existe? Levar o racionalismo às massas? Que massas seriam essas?

a) Pessoas cuja idéia de Deus é um sujeito de barbas brancas sentado numa nuvem desenhando animais para depois pô-las na Terra.

Inútil tentar ganhar esse povo. Se você conseguir convencê-los da futilidade de sua religião, eles provavelmente se tornarão skinheads, adorarão a um novo deus, talvez o Grande Gene ou coisa parecida (tipo supremacistas brancos) e continuarão imprestáveis ao racionalismo.

b) Religiosos racionais. Esses já contribuem para a ciência com coisas como a genética de Mendel ou o Big Bang de Lemâitre.

Números são representações fantasiosas da realidade (e já pararam pra pensar como a realidade se presta tão bem a números? De onde vem essa nossa idéia de que a matemática é natural? Símbolos arcanos para iniciados, axiomas dogmáticos...). Ninguém nunca viu um neutrôn (oi, neutrôn, tudo bem? Como vão seus irmãos, o comunistôn e o neoliberalôn?). Tudo fantasia. Tudo pura poesia.

Só que sem gente.

(Por isso que sempre gostei de escrever historinha com personagem)

abril 13, 2008

Túnel Velho Quando Inaugurado

O Primeiro Campo do Flamengo

Antes mesmo daquele na rua Paissandu, ainda na Glória.

É Bom Passar a Tarde em Itapoã











Tentativas anteriores de se popularizar o futebol americano no Brasil não deram muito certo devido a alguns acidentes.

Repórter Esso - Última Edição

O mítico Repórter Esso (eu cheguei ver na televisão) se despede do rádio neste sáite.