fevereiro 26, 2009

Imortalidade (Segunda Versão)

Há muito mais vida fora de nós
Do que dentro
E ainda assim dizemos
que Deus está no meio de nós

Só nos sonhos lembramos
que das árvores às pedras na rua
Tudo tem uma razão de ser

e existir

Nós estamos no meio de Deus

Tocadores da Lua



Bloco de candombe, ritmo afro-uruguaio, que desfila na minha rua na quarta-feira de cinzas. Vou complementar essa postagem em breve, espero que com a ajuda de minha amiga uruguaia Cláudia Pombo.

fevereiro 24, 2009

A Máquina de Onde Posto Estes Artigos


Tudo bem, confesso que me dei bem na vida, por isso posso ter um desses cérebros eletrônicos aí de cima, apesar do cientista explicar que seu alto preço o manterá longe da família média. Felizmente ele tem um terminal tipo telex e tem uma interface de texto programável em FORTRAN, fazendo-o fácil de usar, como diz o sujeito da foto.
Clique na imagem para ampliar e ler como era previsto que em 2004 muitos lares teriam um computador desses aí em cima pra ajudar na vida doméstica...

fevereiro 22, 2009

Feliz Aniversário


Dia 20 foi meu aniversário. Este foi o bolo no trabalho.

Thou Must Be Where Thee Art

Outro dia uma amiga minha me forçou a ver O LEITOR quando eu queria ver CORALINE. Pra se desculpar depois pelo equivocadíssimo filme, ela me levou pra comer no Sushi Leblon. Lá pelas tantas, quando entrou a terceira dupla de amigas (amigas mesmo, heterossexuais), ela não resistiu a comentar, "como tem mulher sozinha no Rio".

Eu retruquei que é tudo uma questão de perspectiva. Se eu fosse ao Maracanã com esse espírito poderia comentar, "nossa, como tem homem sozinho no Rio". O Sushi Leblon não é exatamente o lugar onde você espera encontrar um bando de machos tomando uma cervejinha. Eu, por exemplo, adoro sushi, mas só vou acompanhado ou peço pra entregar em casa; nunca me passou pela cabeça chamar um amigo pra tomar um saquê e ficar falando de cinema, quadrinhos, futebol e mulher.

Fica parecendo aquela visão daqueles seriados da Sony sobre mulher moderna, "nossa, amiga, nós vamos a tudo que é festa de música eletrônica, restaurantes franceses caros e finos, quicheterias, peças, óperas, coletivas de artes plásticas, e não encontramos um solteiro". Ora, é claro, ESTÃO PROCURANDO NO LUGAR ERRADO! Traduzindo, seria o mesmo que chamar os amigos pra ir ao Fla x Flu pra paquerar. Na verdade, deveria ser o contrário. Lááááááá nos primórdios da Internet, quando bater papo era só pelo IRC, conexão precisava do Trumpet e você era bom saber os códigos de programação de seu modem 14.400 kbps, eu frequentava um canal sobre balípodo, o #futbrasil, até que começou a aparecer mulher lá que não entendia a diferença entre líbero e centroavante, mas que tinham chegado à conclusão que era onde iam encontrar mais homem - e sem conocrrência!

Um amigo meu, inclusive, certa vez, cansado de ouvir a irmã reclamar que não tinha homem na cidade, disse exatamente os mesmos argumentos acima pra ela: "Elaine, você tem que ir onde os homens estão. Hoje eu vou no pé-sujo da esquina tomar uma cerveja. Aparece lá pra ver o que acontece". E, concluindo a história, ele me contou, "Uruba, sem brincadeira, sabe aquela cena clássica de cinema? Teve uma hora em que ela puxou um cigarro, apareceram quatro - não estou exagerando - QUATRO ISQUEIROS pra acender pra ela".

Um Celular com Câmera


Capotagem no carnaval.

fevereiro 19, 2009

O Leitor

Esperando no consultório
Esperando o ponto do ônibus chegar
Esperando o meu pai sair da operação
Esperando o sono bater

Ler é esperar

E não tenho lido muito ultimamente

Tenho desprezado o conhecimento
E tampouco tenho buscado
iluminar mais a minha alma

Minha alma já está de todo iluminada
Ler é esperar
E a vida toda esperei só você

fevereiro 18, 2009

Você viu a Gabriela? Magra, né? Ela disse que fez a dieta da Inquisição. Você pega a gordura, tortura-a na academia, condena-a como herege e a queima. Diz que algumas gorduras lançam uma maldição quando começam a queimar que seus descendentes irão pagar por isso, mas é como a Gabi disse, ela não vai ter esse trabalho todo pra ter um filho e estragar tudo. Bando de mimados.

Rant

Chega uma hora na vida em que o futuro parece nebuloso. O chão some sob nossos pés. Tudo parece difícil e confuso, nossas certezas todas desaparecem, duvidamos de tudo que fizemos ou queremos fazer. Geralmente esta hora chega uns dois segundos depois do médico dar uma palmada na gente. Quer dizer, médico não, não sei, os caras tão todos mascarados pra não serem reconhecidos, a gente nunca sabe, né? Logo de cara acendem uma luz na nossa cara, nos enchem de porrada, um bando de sujeitos mascarados pra não serem reconhecidos, a vontade é de confessar tudo, mas não deu tempo pra nada ainda... Mas de qualquer forma é nessa hora em que o futuro começa a nos parecer tremendamente nebuloso e inseguro. Já nesse momento começa a busca. Precisamos descobrir quem somos. Dão-nos um nome, mas em que nos ajuda um nome a descobrir quem somos? Pensando bem, se você por exemplo se chamar Jabotecler, ajuda pacas. Não tem como você não descobrir quem é. Não importa em que hora, em que dia, mas em um momento você vai estar andando pela rua e vai se dar conta. "Meu Deus, eu sou o Jabotecler". Isso é uma coisa que define uma pessoa. Jabotecler. Ninguém aí se chama Jabotecler, certo? Claro que não. Se se chamasse, não estaria aqui. Certamente estaria em algum lugar transcendental, cercado de discípulos doidos para aprender como o mestre descobriu seu lugar no Universo. É simples quando você se chama Jabotecler, afinal no Universo certamente só há lugar para um Jabotecler. Mas e se você se chama, digamos, Paulo? Quantos Paulo outros não haverá no Universo? Ou Aline e Ailime. Se bem que Aline e Ailime parecem também só estarem destinadas a um papel no Universo, mas isso é outro papo e outro papel. Se você não tiver que se preocupar com outras coisas que possam parecer mais importantes, tais como ter algo o que comer, o que vestir ou se batizar ou não o seu filho de Jabotecler Júnior, você começa a se preocupar com essas coisas metafísicas. Destino, beleza, arte, amor, paixão, sexo, morte. E onde encontrar as respostas? Infelizmente, o Jabotecler já tá cheio de discípulos e não tá aceitando mais, então tentamos usar o Universo para nos dizer o que fazer. Entrar em sintonia com o Cosmo. Usar as nossas percepções místicas. Eu tenho um primo adolescente que é capaz de ver o futuro. Ele é capaz de entrar num lugar e ter uma visão do que vai acontecer ali dentro de uns dez, quinze minutos. Toda vez que ia começar a aula de aeróbica na academia dele, ele ia dez minutos antes para o vestiário feminino. Até que um dia o Jabotecler o levou com ele para usar seus dons para fins mais nobres. Outras pessoas têm percepções diferentes. São esses que a gente procura pra nos darem uma ajuda, nos dizerem o que esperar do futuro, do Destino. Não nos satisfaz viver cada dia, precisamos que o próximo dê sentido a tudo, nos traga o que desejamos. Precisamos conhecer o futuro. Eu fiz o circuito todo. Fui a um tarólogo. Ele tirou o arcano XII, o Enforcado. Tirou depois o arcano VI, o Enamorado. Depois tirou o arcano IV, o Imperador. Deu XXII. Estourou e a banca ficou com tudo. Procurei depois um vidente, mas não achei nenhum em casa. Parece que estavam todos nos vestiários da convenção de professoras de aeróbica. Tentei finalmente uma moça que lia a sorte numa xícara de chá. Nunca esquecerei suas proféticas palavras - " Instruções - aqueça a água e deixe este saquinho em molho durante alguns minutos". É claro que a água era a minha vida e o saquinho era eu. Eu devia aquecer o meu coração. Dar lugar para mais um. Porque, afinal, dizem que o Inferno são os outros, mas não é isso. O futuro é que são os outros. Porque quando você olha pela rua, cada pessoa, cada rosto, cada tristeza, cada alegria que você vê, é um reflexo, um espelho. De você mesmo. Um momento que você vai passar, um desamor, uma grande paixão, uma conquista, um triunfo, um fracasso. Todos nós passamos por isso. Todos nós vamos ter pelo menos um pouco de cada uma dessas coisas. E, durante pelo menos um momento, vamos ser aquela pessoa que estamos vendo atravessar a rua. Aquele sujeito bonito, aquela moça bem-vestida porém carrancuda. Nós nunca vemos o nosso rosto, podemos apenas ver o dos outros. É como a nossa vida, o nosso tempo. Nós nunca vemos o nosso futuro, embora todo mundo possa vê-lo. Possa vê-lo em nossas crenças, nossas atitudes, nossas decisões, nossos amores. Somos anônimos na multidão, mas temos nosso coração e ele está refletido em nossos rostos. A não ser o Jabotecler, que nunca vai ser anônimo em lugar nenhum. Ele está no meio de nós. E nós, nós estamos no meio de todos. A vida é grande demais para ser apreendida num futuro. Ela tem um presente e um passado. Nós não precisamos vê-los todos juntos. Não precisamos sabê-los. Precisamos apenas vivê-los. Eu acho que é isso. Não precisamos de mais nada. Só isso. Aquecer a água e deixar o saquinho de molho. Eu jamais poderia imaginar tanta sabedoria numa xícara de chá. Deve ser a tal da sincronicidade. Aquela que o Jung inventou. Jung. Que nome esse, também? Deve ser o Jabotecler da Renânia. Ele tem sorte, tem seu nome. Nós? Nós temos nossos rostos e nossa vida.

Desenho


Em breve, se tudo der certo...
FÉRIAS!!!
Como a moça dando um mergulho aí em cima, rabiscada por mim.

fevereiro 13, 2009

Torto

Blue Moon

Como Ir a um Show Sem Sair de Casa

Aquela tremenda banda estrangeira que você adora vai tocar por perto, mas você está sem grana, perdeu a carteirinha falsificada de estudante, tem que estudar, é longe pra caralho, quebrou o pé, tem que trabalhar... se o o show for transmitido pela tevê, você pode ter a mesma emoção que estar lá ao vivo seguindo nossos conselhos:

1. Arrume uma tevê de 14 polegadas ou menos e a pendure alto e longe. Ponha uma outra tevê maior ao lado, num canto. Pronto, você já tem o palco e o telão.

2. Arrume quatro sujeitos mais altos do que você, sem camisa e suados pra ficarem em volta de você o tempo inteiro.

3. Ponha água no chope.

4. Tranque os toaletes. Assim, sempre que você precisar ir ao banheiro, vai ter que descer até a rua, andar até o boteco mais próximo e se aliviar por lá, pra depois voltar correndo.

5. Convide uma menina que você esteja a fim pra vir ver contigo. Explique tudo em detalhes, assim você vai poder ser rejeitado.

6. Se você não mora sozinho, quando passar algum outro habitante do imóvel, cumprimente-o efusiva e emocionadamente, mesmo que se vejam todo dia.

7. Não se esqueça de ficar atrás dos sujeitos altos segurando seu celular pra filmar o show que você não está vendo e depois postar correndo no YouTube pra mostrar como a apresentação teria sido divertida se você não estivesse preocupado em registrá-la o tempo todo e com a possibilidade de roubo de seu caro gadget.

E pronto. É verdade que ainda falta a lama, as desconhecidas desinteressadas em você e, principalmente, as pessoas que durante o show ficam tentando chegar mais perto, mas sempre desistem exatamente em frente de você. Eu sei, eu sei, não adianta nada. Ao vivo ainda é muito melhor.

A Dura Vida de Músico


Vai precisar clicar na imagem pra ampliar.
P. S.: Já que perguntaram de outra vez, quem desenhou fui eu mesmo.

fevereiro 10, 2009

Quando o Mundo Não Era Politicamente Correto

Por Que Economistas Fodões Americanos Não Têm Dinheiro Pra Comprar Perucas Decentes?


Não, Paul Krugman, último vencedor do Prêmio Nobel de Economia, colunista keynesiano do NYT, com linque aí do lado, não está usando um quipá preto. É realmente uma peruca.


Peter Orszag, com PHD em Londres e ex-assessor de Clinton, foi nomeado por Barack Obama para ser o Diretor de Orçamento de seu governo. Não, ele não está usando uma boina catalã e nem existencialista. Não, não precisa fazer piadas sobre aumentar a verba para perucas.

O Mundo nos Anos 70 Era Muito Doidão


Capa de Rich Corben (que ficou famoso aqui na época de Kripta) para a Heavy Metal em seus primórdios em fins dos 70. Um dos carros-chefe da revista, responsável por boa parte de sua popularidade inicial, era a série que ele fazia baseado nos pulps de Edgar Rice Burroughs e Michael Moorcock, Den, que inclusive fez parte do longa, mas de uma forma muito pueril e simplificada, inclusive cortando o nu frontal que todos os personagens exibiam de forma completamente despudorada (com ênfase na anatomia genital feminina - suas moças anteciparam a corrente moda - da qual o blogueiro é fã - de depilar tudo lá embaixo).


Clique na imagem para ampliá-la. E pensar que hoje em dia a Marvel em sua linha adulta só libera uns peitinhos lá no interior do gibi...

Verônica

Filme de Maurício Farias. Crítica publicada originalmente em 8 de outubro, durante o Fest-Rio de 2008, na Revista Zé Pereira.


Os Farias fizeram o maior clássico policial do cinema brasileiro, “O assalto ao trem pagador”, e um dos melhores veículos infanto-juvenis para cantor na crista da onda (e não só no Brasil), o divertidíssimo “Roberto Carlos e o diamante cor-de-rosa” (tão à frente do seu tempo que tinha em sua trama um samurai com poderes místicos e um final enigmático sugerindo forças cósmicas em conflito). Mais polêmico foi o “Pra frente, Brasil”, de 1982, na época da abertura política, sobre a tortura na ditadura. Muita gente achou que soava ridículo a então estrela global Elizabeth Savalla dizendo (mal) “nunca vou abandonar a luta armada” e que fazer um thriller sobre esse assunto era de gosto duvidoso. Outra turma argumentava que o formato tinha mais apelo de público e, mesmo não sendo uma análise profunda ou particularmente corajosa, levava a discussão sobre os anos de chumbo a mais gente do que quietas fitas menos comerciais, como “Nunca fomos tão felizes”.

Essa discussão, de certa forma, pode se aplicar ao “Verônica”, de Maurício Farias, que também co-escreveu o roteiro que empilha clichê sobre clichê (começa, acreditem, com o microfilme – atualizado para um pen-drive - que cai por acaso nas mãos da protagonista!) com competência, profissionalismo e excelente ritmo, criando uma trama policial divertida e eficiente. Infelizmente, os diálogos também abusam do lugar-comum de forma bem menos agradável. O que é uma pena, porque as falas da cena de abertura são ótimas e preparam o espectador para linhas bem melhores do que as entregues pelo resto do longa.

A direção também não aproveita ao máximo as muitas boas cenas de suspense no roteiro, preferindo partir para uma edição picada e uma resolução rápida, ao invés de esticar o tempo cinematográfico. Andréa Beltrão está excelente como a professora e vai bem do mau-humor e irritação aos momentos mais candentes, sem deixar a peteca cair. Mas o garoto Matheus Sá, que em boa parte da fita contracena com ela, frequentemente deixa a desejar, prejudicando a química central do filme. Marco Ricca cria seu personagem sem muitas nuances, e nem o longa exige tanto dele, mas muitos dos atores que aparecem em pequenos papéis ou têm apenas duas ou três falas não aparecem bem.

Em suma, apesar de seus problemas e de uma resolução algo insatisfatória, “Verônica” é um thriller bastante divertido, podendo se perceber o prazer dos escritores em alinhavar com eficiência e precisão os clichês que eles tanto admiram em filmes policiais, bem como o de Andréa Beltrão ao interpretar sua professora de meia-idade, frustrada e, embora ainda bastante atraente, com clara noção de que seus dias de juventude estão no fim. A produção evita locações óbvias e passa o tempo inteiro filmando em condomínios de classe média baixa, enormes prédios de conjugados, favelas menos cenográficas do que o de costume e biroscas pé-sujo em lugares como a praça da Harmonia, a Gamboa e a Praça Onze. O problema é que a fita se põe de pé apoiando-se em tráfico de drogas e policiais corruptos, que funcionam muito mais como McGuffins – os traficantes virtualmente aparecem apenas na abertura e em uma cena de perseguição – do que como sinceras e cortantes denúncias sociais.

Para o valente editor deste saite, Zé José, por exemplo, é um absurdo que, além de condenarmos esse povo miserável todo a viver nesses guetos dominados pelo movimento, ainda os usemos como cenário e figurantes para fantasias cinematográficas. Mas será que devemos ser tão duros assim com “Verônica”? O enfoque do longa é na classe média mais para baixa que habita as quitinetes daqueles monstros de alvenaria que invadiram o Rio entre os anos 50 e 70, principalmente. Em quase todos os enquadramentos externos, sempre se vê ao fundo comunidades, velhos sobrados decadentes, cortiços, praças concretadas sem verde. Para boa parte da população da cidade, é essa a visão de seu mundo, com a miséria e a violência do tráfico de drogas sendo algo periférico, que ameaça envolvê-la, mas com o qual ela convive periclitantemente. Não deixa, portanto, de ser um comentário subliminar à visão de vida de Verônica e suas amigas professoras, com todos aqueles tiroteios e chefões do crime sendo algo meio distante, cuja existência o diretor Maurício Farias (assim como o noticiário, na vida real) insiste em lembrar sempre, apesar dos esforços para ignorá-la.

Em suma, “Verônica” é um filme feito por quem tem noção de como funciona uma história de gênero e que consegue com verossimilhança desenrolar um thriller no Rio de Janeiro. A direção, os diálogos e algumas atuações não estão à altura do divertido roteiro, mas é delicado usar problemas sociais sérios como os do Rio como alavanca de filme de suspense. A fita consegue se sair bem dessa, mas é sempre bom lembrar, por exemplo, que Hitchcock costumava lançar mão de tramas mirabolantes e claramente irreais para pôr de pé seus comentários sobre sexo, voyeurismo, poder, dinheiro e materialismo. Quando resolveu partir para assuntos menos abstratos, em “O homem errado”, abdicou de suas voltas de força cinematográficas e se concentrou em fazer um longa mais comportadinho, por mais compatível com a gravidade do tema.


fevereiro 08, 2009

O Passado É uma Velha Foto Colorida





A gente associa tanto cor a modernidade que as fotos acima, tiradas na primeira década do século XX, parecem pelo menos de 1930. Sergey Prokudin-Gorsky criou um sistema para obter imagens coloridas com resultados espetaculares e foi comissionado pelo czar para documentar o império russo entre 1905 e 1915. Repare que, nesta última cena, em que o próprio está posando, o rio parece ser de gelo seco, o que entrega que a exposição era longa - a água se moveu bastante enquanto a foto era tirada e "borrou" o riacho. Clique aqui para ler mais sobre ele na wikipedia ou mesmo ver as imagens acima em sua resolução original, com mais de 9 megapixels e uma nitidez de dar inveja às câmeras analógicas que eu usei.

As fotos são, respectivamente - emir de Bukhara, uma prisão, prisioneiros austríacos da I Guerra e o próprio Gorski. Clicando nelas, você as vê maior, mas para vê-las em todos os seus gloriosos 9 megapixels coloridos e nítidos, vá até o verbete indicado no linque acima.







Já essas três acima são fotos NÃO COLORIDAS À MÃO da I Guerra Mundial, o conflito ao qual nos acostumamos a imaginar que foi lutado por sujeitos monocromáticos e tão sujos que pareciam granulados. A granulação, tudo bem, permanece - o sistema Autochrome usado para capturar essas cenas não é tão bom quanto o de Gorsky, mas parece mais prático, mas descubra coisas inesperadas como a cor azul-clara estilo século XIX dos uniformes franceses. Um pouco mais brilhante e talvez um alvo com os dizeres "atire em mim" teria o mesmo efeito.


Essas fotos foram pescadas num blogue para quem curte filmes fotográficos e câmeras analógicas: Photo Utopia

Depois de Muito Tempo e Alguma Morbidez, Mulher Pelada em Público!










fevereiro 07, 2009

Love the One You´re With!

Agora, em verso

Há muito mais vida fora de nós
Do que dentro
E ainda assim acreditamos
que Deus está no meio de nós

Só nos sonhos percebemos
Que das pessoas às árvores
A cada pedra na rua
Tudo tem uma razão de ser

Nós estamos no meio de Deus

fevereiro 05, 2009

Imortalidade via download

Agora começam a falar a sério naquele velho artifício de história em quadrinhos, a transferência da mente. No caso, para driblar a morte, fariam um download de sua cabeça pra cabeça de um clone mais jovem ou algo parecido (em outra postagem eu explico por que acredito que não funcionaria se o receptáculo não fosse um corpo humano).

Mas de que isso iria adiantar? Não seria você a estar no corpo mais jovem. Seria apenas uma consciência idêntica à sua. Você continuaria em sua própria carne observando de fora você mesmo partir para curtir novamente a juventude antes de envelhecer, fazer uma transferência de mente e morrer também.

Porque é o limite o pior. A idéia de que estamos presos neste segmento de tempo e neste corpo, de que nunca poderemos realmente conectar com outro ser humano ou animal. É por isso que todas as grandes religiões são preocupadas com a negação da individualidade. É ela que nos limita ao nosso corpo. É ela que é a morte. É ela que é a ilusão de vida que nos traz a angústia do fim.

A individualidade é a morte.

Melancolia II

Melancolia

Icaro


Na Praia Vermelha

fevereiro 04, 2009

Nerdcore

O MC Frontalot é um rapper diferente.

É um rapper nerd.

Canta sobre garotas góticas, videogames, blogues e softwares, vestido de camisa de botão com manga curta e gravata, um óculos com lanterna acoplada e dança todo descoordenado. Sua letra de "I hate your blog" sensacional.

I Hate Your Blog

I Hate Your Blog
I hate your blog.
It’s incredibly
terrible and bad.

I hate your blog. You own a dog, and you feed it.
You post about it. I get to read it.
Plus: five paragraphs on the socks you bought
and your thoughts on whether Nicole Ritchie’s hot or not.
You got no reason to be typing, yet you persist.
Hit each key with your fist till you punch out your top ten list
of all the things that ever happened in your life.
Number one: met Michael Jackson’s second wife.
Number two: got Curly on the Which Stooge Are You
Poll, as the GIF proves. Click for the link-through!
Three: saw puppy pictures on a web page,
kittens in a nest egg. The idea gestated:
Why not open up your own?
So you bought the account and yet I hope you don’t
put the payments in on it every month like they want,
‘cause then you’ll disappear off the internet, haunt
just the Wayback Machine like a ghost.
And I won’t be like, “How come you don’t post??”
I promise I won’t.

I hate your blog. Your recipe for vegan eggnog is stupid.
I hissed and I booed it,
and then eschewed it, never made it once. Yes,
your blog roll is a confederacy of dunces.
It abuts less interesting links in your posts.
Hamsters that dance! I’m not engrossed.
I’m not opposed to your collection of All Your Base pics,
but they’re longer in the denture than a ninja flipping out doing face kicks.
I’ll phrase this nice:
if it’s hard to get to bed, your web site will suffice
to entice me to slumber. I mumble impoliticly,
“I tried not to click ‘read more’ but you tricked me!”
Want to stick the whole computer in the trash can
instead of reading about the constipation lately and your ass plans
that you seem to contemplate.
You thought I would rate your page ‘awesome’ and ‘great’?

[Whoremoans]
You’re just jealous. Yeah, that’s it — envious, even.
Turning green when my hit counter broke ten thousand this evening.
Mad you cant match my keypad content
or petitions for legalizing of micropayment thieving.
X-rays of teething eight-month heathens and pictures of kittens heaving,
the calories in everything I’m eating,
yaoi art my girl drew of Goku making out with Joss Whedon,
my 300-pound friend’s exposure (that’s indecent).
But that’s only negatives.
I’ve got discussions on the homeliest alien relative.
The final battle, Sam Cassell versus Carnage
and a triple-threat match: Charles v. Marilyn v. Shirley Manson from Garbage.
I pay homage to great Americans like Bill O’Reilly and Ann Coulter;
Westwood Radio for help when insulting countercultures.
My blog stands above all others by head and shoulders.

I hate your blog. You ain’t logged in in a month and a half,
and I, for one, am aghast.
I mean I’m fast on the way to removing it from bookmarks.
If I took part in vanity I might be trying to look smart
by not checking eight times a day.
Your blog is so despair-inducing I can’t bear to look away.
Oh, well! Got to do what your muse compels.
Guess I’ll try to go despise a blog by someone else.